domingo, 10 de dezembro de 2017

Folclore e Patrimônio

Em sua origem, a ideia de Patrimônio (patrimonium) está relacionada à herança paterna, ou tudo que pertencia ao pai, do latim, pater, ou pater familias. Na sociedade romana, a noção de família era mais ampla que na nossa, compreendendo tudo que estava sobre domínio do senhor, incluindo aí a mulher, os filhos, os escravos e os bens, móveis (terra, casa, etc.) ou imóveis (ferramentas, animais, etc.). Tudo isso era o patrimonium, ou seja, o que pertencia ao pater. Portanto, podemos dizer que: “O conceito de patrimônio, surgido no âmbito privado do direito de propriedade, estava intimamente ligado aos pontos de vista e interesses aristocráticos.” (FUNARI; PELEGRINI, 2009: 11).
 Com o tempo, esse significado se dilatou e passou a designar algo que tenha importância não somente para um indivíduo, mas também para uma comunidade, uma região, um país, uma nação, ou mesmo para toda a humanidade. Temos ao menos duas divisões claras designadas pelo conceito de patrimônio: material e imaterial. Segundo Pedro Paulo Funari e Sandra Pelegrini:
Hoje, quando falamos em patrimônio, duas ideias diferentes, mas relacionadas, vêm à nossa mente. Em primeiro lugar, pensamos nos bens que transmitimos aos nossos herdeiros – e que podem ser materiais, como uma casa ou uma joia, com valor monetário determinado pelo mercado. Legamos também, bens materiais de pouco valo comercial, mas de grande significado emocional, como uma foto, um livro autografado ou uma imagem religiosa do nosso altar doméstico. Tudo isso pode ser mencionado em um testamento e constitui o patrimônio de um indivíduo.
A esse sentido legal do termo, devemos acrescentar outro, não menos importante o patrimônio espiritual. Quando pensamos no que recebemos de nossos antepassados lembramo-nos não apenas dos bens materiais, mas também da infinidade de ensinamentos e lições de vida que eles nos deixaram. A maneira de fazer nhoques – que não se resume à receita, guardada com cuidado no caderno com a letra de nossa querida mãe ou avó –, o modo como sambamos (algo que nunca estará em um caderninho!), os ditados e provérbios que sabemos de cor e que nos guiam por toda a vida são exemplos de um patrimônio imaterial inestimável.” (FUNARI; PELEGRINI, op. cit.: 08-09).
 Embora o patrimônio material tenha reconhecimento há bastante tempo, só bem recentemente o patrimônio imaterial passou a contar com maior preocupação quanto à necessidade de sua proteção. Todavia, em 04 de agosto de 2000 foi promulgado o Decreto 3.551, que “Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial”.
O nosso folclore se encaixa nesta última questão, pois constitui também nosso patrimônio imaterial, sendo representado pelas tradições e manifestações populares, incluindo costumes, crenças, ritos, danças, mitos e lendas, que são passadas através das gerações. Em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo dá a seguinte definição para o folclore:
Folclore. É a cultura do popular, tornada normativa pela tradição. Compreende técnicas e processos utilitários que se valorizam numa ampliação emocional, além do ângulo do funcionamento racional. A mentalidade, móbil e plástica, torna tradicional os dados recentes, integrando-os na mecânica assimiladora do fato coletivo, como a imóvel enseada dá a ilusão da permanência estática, embora renovada na dinâmica das águas vivas. O folclore inclui nos objetos e fórmulas populares uma quarta dimensão, sensível ao seu ambiente. Não apenas conserva, depende e mantém os padrões imperturbáveis do entendimento e ação, mas remodela, refaz ou abandona elementos que se esvaziaram de motivos ou finalidades indispensáveis a determinadas seqüências [sic] ou presença grupal.” (CASCUDO, 1998: 400). 

            Esse folclore é, como percebemos, representação da legítima tradição popular, e, por isso, indispensável na formação de uma identidade nacional brasileira.



Referências bibliográficas:

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª edição. São Paulo: Ediouro, 1998.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu; PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio Histórico e Cultural. 2ª ed.. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

Mário de Andrade – Missão de Pesquisas Folclóricas. Disponível em: <http://ww2.sescsp.org.br/sesc/hotsites/missao/> Acesso em: 23 abr. 2015.

VILHENA, Luís Rodolfo. Projeto e Missão: O movimento folclórico brasileiro (1947-1964). Rio de Janeiro: Funarte/Fundação Getúlio Vargas, 1997.




Este texto é parte do artigo "Movimento Folclórico Brasileiro e a formação de uma identidade musical brasileira", apresentado no 1° Encontro de Pós-Graduandos em História e Patrimônio da UFRRJ. Link do evento: https://www.facebook.com/encontrohistoriaepatrimonio

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Festival da Record de 1967 – 50 anos




Entre setembro e outubro 1967, aconteceu em São Paulo um dos mais memoráveis eventos da música no Brasil, o III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record.  Naquele ano, o Teatro Record Centro, localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio, centro de São Paulo, recebeu o festival em decorrência de um incêndio fulminante que atingiu o Teatro Record Consolação, em julho daquele mesmo ano. O Teatro Record Centro foi inaugurado em 1929 e chamado de Teatro Paramount (por isso o festival de 1967 também ficou conhecido como o “Festival do Paramount”). Atualmente o lugar pertence a empresa Renault, se tornando o Teatro Renault, desde 2012.



Fachada do Teatro Renault (antigo Teatro Paramount), em São Paulo.


Depois do sucesso alcançado com o festival anterior, de 1966, no qual empataram na finalíssima as canções A Banda (Chico Buarque de Hollanda), defendida por Nara Leão, e Disparada (Geraldo Vandré/ Théo de Barros), defendida por Jair Rodrigues, Trio Novo e Trio Marayá, a Record fez, em 1967, mais um festival, talvez sem saber que viria a ser, possivelmente, o mais marcante de todos os que integraram a chamada “Era dos Festivais”.
Naquele tempo, a TV Record exigia que apresentadores e artistas usassem trajes de gala – em geral smoking – o que daria um aspecto mais austero aos certames e certamente contrastava com a alegria exacerbada presente nos festivais, especialmente da plateia, que se dividia em torcidas, se manifestando através de aplausos ou de estridentes vaias, elegendo ou reprovando os artistas, de acordo com seus gostos musicais ou, ainda mais, preferências políticas. Vale destacar que o público dos festivais era um personagem a parte, uma juventude de classe média, universitária, politizada, que estava em sintonia com os acontecimentos políticos do país, vivendo sob um regime militar vigente.



As vaias, segundo o cartunista Ziraldo, 1968.


Dirigido por Solano Ribeiro (responsável por trazer os festivais para o Brasil, adaptando-os a partir do Festival italiano de San Remo) e apresentado por Blota Jr., Sônia Ribeiro, Randal Juliano e Cidinha Campos (os dois últimos entrevistando os artistas), o III Festival da Record ocorreu nos dias 30 de setembro (primeira eliminatória), 06 de outubro (segunda eliminatória), 14 de outubro (terceira eliminatória) e 21 de outubro (final). O festival que atingiu o impressionante índice de 55% de audiência e 97 pontos no IBOPE, ainda em sua fase eliminatória, também levaria a emissora a bater o recorde mundial de audiência, entrando para o Guiness Book, vindo também a ser o programa com maior audiência no Brasil até os dias de hoje. Segundo Zuza Homem de Mello, autor de A Era dos Festivais: “Mais de 4 mil músicas foram recebidas para a disputa de 25 milhões de cruzeiros e do troféu Viola de Ouro para o primeiro colocado, 10 milhões para o segundo, 7 milhões para o terceiro, 5 milhões para o quarto e 3 milhões para o quinto. O melhor intérprete receberia a Viola de Prata.” (MELLO, 2003, p. 184). Em cada eliminatória foram apresentadas 12 canções entre as quais se classificavam 04 em cada fase, compondo uma final também com 12 canções.
Surpreendeu neste festival, artistas considerados como alienados defenderem canções vistas como engajadas. Foi o caso de Ronnie Von, que defendeu Minha Gente (Demétrius), Erasmo Carlos, que defendeu Capoeirada (Erasmo Carlos) e Roberto Carlos, que defendeu Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná). Talvez tenha sido esta mudança de atitude o que deu a Roberto Carlos o quinto lugar no certame e a certeza de que a Jovem Guarda também dava samba.
Em quarto lugar ficou Alegria, Alegria (Caetano Veloso), defendida por Caetano Veloso e o grupo argentino de rock Beat Boys. Com esta canção, Caetano (e Gil), inaugurava o chamado “som universal”, culminando no movimento tropicalista, que explodiria no ano seguinte através do emblemático disco Tropicália ou Panis et Circensis (1968), inspirado no lendário álbum dos Beatles,  Sgt. Peppers’s Lonely Hearts Club Band (1967). A marcha-pop de Caetano (que se apresentou com blazer xadrez e camisa de gola rolê laranja) começaria sendo vaiada pelo público mais ortodoxo, que rejeitava a novidade da guitarra elétrica, mas terminou sendo aplaudida e abrindo novos caminhos para a insurgente MPB, possibilitando fusões sonoras e universalismos, então refutados pelos mais tradicionalistas. A letra de “poesia câmera-na-mão”, juntava influências do Cinema Novo de Glauber Rocha e do antropofagismo oswaldiano, com referências a presidentes, fuzil, bandeiras, mas também a Claudia Cardinale, Brigite Bardot, a televisão e a Coca-Cola, considerada símbolo do imperialismo pelos esquerdistas.

 

Caetano, durante a apresentação de Alegria, Alegria.


O samba Roda Viva (Chico Buarque de Hollanda), defendido por Chico Buarque de Hollanda e MPB-4, ficou com o terceiro lugar. Roda Vida, de tom crítico, percebido em versos como “A gente quer ter voz ativa/ No nosso destino mandar/ Mas eis que chega a roda viva/ E carrega o destino pra lá”, também foi tema da peça homônima escrita por Chico Buarque no final de 1967, com estreia no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa. Durante a apresentação desta peça em São Paulo, houve um incidente no qual um grupo do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o teatro, espancou os artistas e depredou o cenário. Embora possa ter havido um engano, pois, ao que parece, o grupo estava procurando uma peça do grupo Opinião, apresentada ao lado, no dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo, começando um movimento a favor da peça e contra a censura nos palcos brasileiros.
Com o segundo lugar, ficou Domingo no Parque (Gilberto Gil), defendida por Gilberto Gil (que horas antes de sua apresentação tremia e ardia em febre na cama, sendo resgatado por Paulo Machado de Carvalho, que o levou para o teatro) e Os Mutantes, uma canção moderna, misturando berimbau e guitarra elétrica, os inovadores arranjos de Rogério Duprat e a cantiga de capoeira, o bucolismo da ribeira e uma letra cinematográfica, narrando quadro a quadro os enlaces ente Juliana, José e João. Juntamente com Alegria, Alegria, de Caetano, Domingo no Parque, inaugurava o chamado “som universal”, formando também as bases do Tropicalismo.


Gilberto Gil e Os Mutantes, na apresentação de Domingo no Parque.


Mas, em primeiríssimo lugar, ficou a galvanizante Ponteio (Edu Lobo/ José Carlos Capinan), defendida por Edu Lobo, Marília Medalha, Quarteto Novo e Conjunto Momento Quatro. Canção com ares sertanejos, recorrendo a violões, a emblemática flauta de Hermeto Pascoal e uma marcação de xaxado, trazendo muito da musicalidade nordestina e fazendo referência ao modo dos violeiros de todo o Brasil tocarem a viola, o ponteio, ato este reforçado pelo refrão cantado em uníssono: “Quem me dera agora eu tivesse uma viola pra cantar/ Ponteio”. A letra de Capinan também estava bem ao gosto da juventude politizada frequentadora dos festivais e ainda havia um carisma em Edu Lobo e uma imponência em Marília Medalha que certamente cativaram o público. Todos estes fatores levaram Ponteio a ganhar a Viola de Ouro e sair vencedora deste que foi considerado o “Festival dos Festivais”.



Marília Medalha, Edu Lobo e Momento Quatro, durante Ponteio.


Outras canções que se destacaram foram O Cantador (Dori Caymmi/ Nelson Motta), defendida por Elis Regina, que ganhou o prêmio de melhor intérprete; a quilométrica sertaneja A Estrada e o Violeiro (Sidney Miller), defendida por Nara Leão e Sidney Miller, que ganhou o prêmio de melhor letra; o frevo Gabriela (Francisco Maranhão), defendido pelo grupo MPB-4; o samba-canção Eu e a Brisa (Johnny Alf) , defendido por Márcia, que embora não tenha conseguido grande êxito no festival, viria a se tornar um dos grandes clássicos da música brasileira; e o samba Beto Bom de Bola (Sérgio Ricardo), defendido por Sérgio Ricardo e Quarteto Novo, canção que se inspirava na vida do craque Garrincha, mas que parece não ter agradado o público, levando Sérgio Ricardo a protagonizar um dos episódios mais lembrados dos Festivais, no qual, sendo impedido de cantar devido as vaias da plateia, se enfurece, quebra o violão e o lança em cima do público, sendo, por isso, desclassificado do certame.
Sobre este último caso, o próprio Roberto Carlos fez uma brincadeira durante uma entrevista a Cidinha Campos no evento:
Cidinha Campos: – O Roberto contou uma piada para a Jovem Pan que eu faço questão que ele repita aqui. Diga lá, Roberto!
Roberto Carlos: – Não é piada, não. É verdade!
Cidinha: – Ah, é?!
Roberto: – É! O Ponteio foi desclassificado.
Cidinha: – Por quê?
Roberto: – Porque não tem mais viola pra tocar, o Sérgio Ricardo quebrou.
Esse episódio e muitos outros foram retratados no documentário Uma Noite em 67, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, e lançado em 2010, no qual aparecem os principais personagens do festival (Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sérgio Ricardo, Edu Lobo, Roberto Carlos, além de Solano Ribeiro, Zuza Homem de Melo e Paulo Machado de Carvalho) e imagens das apresentações e dos bastidores do evento (link do vídeo – https://www.youtube.com/watch?v=FOsXaaW4Pkk).



Referências:


COELHO, Cláudio Novaes Pinto. O III Festival de Música Popular da TV Record: uma abordagem dialética do documentário Uma noite em 67. Líbero, vol. 14, nº 28, dez. 2011, p. 119-128.
MELLO, Zuza Homem de. A Era dos Festivais: Uma parábola. São Paulo: Editora 34, 2003.
MONTEIRO, José Fernando S.. Festivais e Protestos: A resistência cultural ao regime militar no Brasil. Anais do III Encontro de Pesquisa em História da UFMG/ Temporalidades – Revista Discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, v. 6 (Suplemento, 2014). Belo Horizonte: Departamento de História, FAFICH/ UFMG, 2014a, pp. 702-709.
__________. Caras de presidentes, bandeiras, bomba e fuzil.  “Caras de presidentes”, “bandeiras”, “bomba” e “fuzil”: A política no ethos tropicalista. Encontro Internacional História, Memória, Culturas e Oralidade, II,  2014b. Anais... Fortaleza, Universidade Estadual do Ceará, 2014.
 __________. História Global e Festivais da Canção: Brasil e Portugal. Simpósio Nacional de História – ANPUH-SC, 28, Florianópolis, 2014c, pp. 01-15. Anais [Eletrônico]... Florianópolis, 2014. Disponível em: <http://www.snh2015.anpuh.org/site/anaiscomplementares> Acesso em: 20 nov. 2015.
__________. Vem, Vamos Embora: Os Festivais da Canção como espaço de difusão ideológica.  Encontro Brasileiro de Pesquisa em Cultura, 3, vol. 2 (Cultura e Comunicação). Anais... Crato, Universidade Federal do Cariri, 2015, pp. 03-14.
__________. Mini História da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2016.
NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a Canção: engajamento político e indústria cultural na MPB (1959/1969), São Paulo, Ed. AnnaBlume/FAPESP, 2001.
__________. A síncope das idéias: A questão da tradição na música popular brasileira. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.
SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: Das origens à modernidade. São Paulo: Editora 34, 2008.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Cinema e o regime de 1964: “Uma noite em 1967”. Boletim do Tempo Presente, nº 09, jul. 2014, pp. 01-09.
TERRA, Renato; CALIL, Ricardo. Uma Noite em 67. São Paulo: Planeta, 2013.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: Da modinha à canção de protesto. Petrópolis: Ed. Vozes, 1974.
__________. Música Popular: do gramofone ao rádio e TV. São Paulo: Ática, 1981.
Uma Noite em 67. Dir. (es) Renato Terra; Ricardo Calil. Documentário. Brasil, 2010.
Uma Noite em 67. Disponível em: <http://50anosdefilmes.com.br/2011/uma-noite-em-67/> Acesso em: 10 ago. 2017.
VILARINO, Ramon Casas. A MPB em movimento: música, festivais e censura. São Paulo: Olho d’Água, 1999.


Texto originalmente publicado no Portal Musica Brasilis. Disponível em: http://musicabrasilis.org.br/temas/festival-da-record-de-1967-50-anos


terça-feira, 28 de março de 2017

Quero ver isso de maxixe!: Das origens na Cidade Nova à internacionalização do maxixe.

O maxixe surgiu entre o “fin de siècle” e o debut do século passado, durante o inicio do processo de industrialização e urbanização das principais cidades brasileiras e da belle époque, se apresentando inicialmente como dança e só depois originando a música para seu o acompanhamento. Tanto a dança quanto a música surgem em um Rio de Janeiro que recém havia se tornado capital do Império Português e foi neste ambiente, urbanizado e adaptado para receber a família real portuguesa no início do oitocentos, que o maxixe se desenvolveu, mais precisamente no bairro da Cidade Nova, também conhecido como “Pequena África”.

A “Pequena África”, nome concebido por Heitor dos Prazeres, era uma região que concentrava grande número de negros e se localizava entre o cais do porto e a Cidade Nova, tendo por capital a Praça Onze, região central do Rio de Janeiro. Devido à expansão da cultura cafeeira, “A província do Rio de Janeiro, de 119.141 escravos em 1844, no início da década de 1870 passa a contar com mais de trezentos mil, dos quais grande parte havia chegado da África através dos portos do Nordeste, muitos vindos de Salvador [...] somente entre os anos de 1872 e 1876 chegam ao Rio de Janeiro 25.711 escravos vindos do Norte e Nordeste." (MOURA, 1995, p.27). Na Bahia, antiga capital do Império, os negros alforriados e libertos depois da abolição se dividiam em diversas atividades (operários, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, sapateiros, cocheiros, barbeiros, músicos, etc.) e a partir desse período muitos deles passaram a migrar para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Desta forma, continuaram chegando negros baianos livres ao Rio de Janeiro, vindos nos porões dos navios que faziam escala em Salvador e em busca de uma sociedade mais aberta.

A Cidade Nova também seria a fronteira entre o Rio de Janeiro “civilizado” e o “subalterno”, onde viviam muitos músicos, em geral músicos de choro (chorões), e esses músicos interpretavam vários gêneros musicais. Na verdade, a Cidade Nova, tal como toda a capital do Império, e até mesmo outras regiões do país, era marcada pelo multiculturalismo e por uma grande variedade de gêneros. Dentre os muitos gêneros deste período temos: os de matriz africana: como o jongo, o batuque e o lundu; de matriz indígena: cateretê; os europeus: a mazurca, a quadrilha, a valsa, a schottisch e, especialmente, a polca; a música cubana: a habanera; e os brasileiros: choro, tango brasileiro e, posteriormente, o samba. Desta forma, “[...] sabemos que a cultura musical do período caracterizava-se principalmente pela diversidade, em que elementos da cultura européia, negra africana e ameríndia formavam uma imbricada e complexa trama de relações." (MACHADO, 2007, p.114). Os músicos passaram então a sincretizar os gêneros musicais em voga, fazendo surgir uma grande variedade de gêneros híbridos, tais como a polca-tango, o tango-lundu, a polca-lundu, habanera-tango-lundu e, em especial, o maxixe.

Figura 1: Charge da Revista Fon-Fon, 04/05/1907 (Fonte: EFEGÊ, 2009, p.39).


O maxixe surge como dança, entre as camadas mais baixas da Cidade Nova. José Ramos Tinhorão mostra que “O próprio nome maxixe [...] era usado ao tempo para tudo que fosse coisa julgada de última categoria. Talvez porque o maxixe, fruto comestível de uma planta rasteira, fosse comum nas chácaras de quintal dos antigos mangues da Cidade Nova, onde nasceu a dança e também não tivesse lá grande valor.” (TINHORÃO, 1974, p.59). Ary Vasconcelos explica que “O maxixe era uma dança plebéia, considerada mesmo imoral, atentatória aos bons costumes.” (VASCONCELOS, 1977, p.16). A primeira dança urbana e genuinamente brasileira nasceu da forma livre de dançar os diversos gêneros musicais do período, aproveitando deles “[...] o ritmo, a cadência, [e] a vivacidade da síncopa que favorecesse seu desenvolvimento coreográfico" (EFEGÊ, 2009, p.47), este último com muitos “[...] volteios e requebros de corpo com que mestiços, negros e brancos do povo teimavam em complicar os passos das danças de salão.” (TINHORÃO, 1974, p.53). Mais tarde os dançarinos estilizariam os movimentos criando passos cada vez mais elaborados. Segundo Vasco Mariz: “O maxixe dançado por profissionais, nos cabarés, era quase uma dança ginástica.” (MARIZ, 1959, 143).

A dança também chegaria às classes mais elevadas e os seus veículos seriam os bailes das sociedades carnavalescas. Mas, um outro grande lançador de maxixes foi o teatro de revista. Em 1883, o ator Francisco Correia Vasques incluiu uma cena em seu espetáculo intitulada “Aí, Caradura!”, com trechos cantados e dançados de maxixe que, devido aos requebros e contorções, lhe permitia tirar um efeito cômico no palco. Em uma das falas se dizia pela primeira vez no teatro o nome proibido – maxixe – com todas as letras: “– Vamos seu Manduca, não me seja mole; quero ver isso de maxixe!”. Em seguida o maxixe se tornou uma verdadeira “coqueluche” (new look), indiscernível do contexto popular brasileiro, apresentado em muitos quadros do teatro de revista.

Ainda no final do século XIX se inicia o processo de internacionalização do maxixe. Houve muitos dançarinos e músicos divulgando o novo ritmo e ele começa a ser dançado nos salões de Paris, onde foi “[...] ‘nacionalizado’ francês [...]" (MAGALDI, 2007, p.34). Mas foi com a figura do baiano e ex-dentista Antônio Lopes de Amorim Diniz – o Duque – que o maxixe se estabeleceu na “cidade-luz”, onde ele apresentou “le vrai tango brésilien”, nada mais nada menos que uma estilização do maxixe da Cidade Nova, que Gaston Deval descreve como “[...] d’un mouvement gracieux,[que] imprime [...] harmonieux à son corps que s’offre [...] Et la porsuite se termine par un poème de grace et volupté." (DEVAL apud EFEGÊ, 2009, p.56). Duque foi elogiado em Paris e apontado como “l’admirable choreographiste”, e de um jornal inglês recebeu o título de “the King of the Tango”1. A dança ainda passou por Portugal, Alemanha, Grécia, Rússia, Argentina, e, entre outros, Estados Unidos onde o maxixe foi introduzido “[...] através do casal de bailarinos Vernon e Irene Castle." (LOPES, 2007, p.71). Os dançarinos de Hollywood, Fred Astaire e Ginger Rogers também interpretaram o ritmo brasileiro nos filmes “Voando para o Rio” (“Flying Down to Rio”)2, de 1933, com a música “Carioca”, sob a indicação de “fox trot-rumba”, e “Story of Vernon and Irene Castle”, de 1939, com o maxixe “Dengoso” de Ernesto Nazareth.

















Figura 2: Cartazes de divulgação dos filmes "Flying Down to Rio (1933) e "Story of Vernon and Irene Castle"(1939).


De acordo com Jota Efegê, houve também, muitos “[...] concursos, campeonatos, torneios, etc., onde se esperava ver [...] uma exibição apurada e legítima do maxixe [...]" (2009, p.63). “Nem mesmo a suposta excomunhão [...] afastou da prática da dança os que por ela já se haviam deixado empolgar.” (2009, p.174). O maxixe como dança morreria ao longo da década de 1930, sem jamais ter sido totalmente aceito pela classe média, exceto por “[...] um maxixe lapidado, o ‘maxixe de salão’ [...]” (2009, p.56). Destarte raríssimas aparições, o maxixe seria sepultado e substituído por gêneros americanos, e pelo samba, só sendo lembrado, daí por diante, na forma de canção. Podemos afirmar, aliás, que a dança foi o motivo e a deixa para o surgimento do maxixe enquanto música.

Enquanto música, o maxixe é resultante do sincretismo entre os diversos gêneros musicais existentes no período. De acordo com a célebre definição de Mario de Andrade, o maxixe é um gênero proveniente “[...] da fusão da habanera, pela ritmica, e da polca, pela andadura, com adaptação da síncopa afro-lusitana [...]” (ANDRADE, 1963, p.125). Os principais compositores do maxixe “[...] nunca esconderam as profundas influências que o choro exerceu nas suas composições” (MORAES & SALIBA, 2010, p. 83), sendo, o maxixe, também o resultado do esforço dos músicos de choro no abrasileiramento dos gêneros em voga no período. O maxixe é, portanto, a fusão de todos os gêneros que havia, especialmente, a polca e o lundu.

O maxixe foi tisnado devido às suas origens ligadas as classes baixas, por isso “[...] muitos compositores da época [...] [chamavam] seus maxixes de tango, para garantir a circulação das suas partituras nas casas de família [...]” (TINHORÃO, 1974, p.66). A palavra tango era mais aceitável “[...] pelas elites de orientação européia [...]” (MENEZES BASTOS, 2008, p.12). O gênero também era disfarçado sobre outros nomes como tango brasileiro, tanguinho, tango característico, tango-lundu, polca, polca-tango, polca-lundu, lundu, entre outros. O que aumenta ainda mais a polêmica relação entre maxixe e tango brasileiro chegando-se a afirmar que o maxixe jamais tenha existido como música, mas apenas como dança, dizendo-se que “A música [do maxixe] é a música dos tangos [...] [e] na realidade, dança-se ao som de todas as músicas [...]” (CHAGAS apud VASCONCELOS, 1977, p.15). Contudo, Jota Efegê defende que o maxixe enquanto gênero musical: “Formou-se assimilando os elementos rítmicos e melódicos que já vinham proporcionando aos dançarinos condições capazes de conduzi-los [...] na desabusada dança.” (EFEGÊ, 2009, p.41).

O maxixe era em tudo e por tudo original, é possível que no início, ainda mal estruturado, tenha ganhado outra versão, através de sua execução pelas bandas dos bailes carnavalescos, onde se tocava o chamado “gênero alegre”. Guerra Peixe nota que “[...] o maxixe estava estruturado na transferência da baixaria dos violões do choro para as notas graves dos instrumentos de sopro" (PEIXE apud MARCÍLIO, 2009, p.81).

Inicialmente, como nos mostra Rafael José de Menezes Bastos, “[...] o maxixe era tido como música indígena, em oposição à estrangeira [...]” (MENEZES BASTOS, 2007, p.20). Depois, músicas como o maxixe e o jazz, resultantes do choque entre a cultura europeia com músicas ditas “primitivas”, atingiriam o sucesso entre a intelligentsia da Europa e dos Estados Unidos. Em 1905, um grande sucesso no estrangeiro foi a composição “La Mattchiche”, de Charles Borel Clerc. Apesar do nome – “[...] Borel-Clerc récuperait le nom de la danse pour en faire le titre d’une chanson [...]” (WITKOWSKI, 1990, p.2) – a canção nada tinha do legítimo maxixe. Segundo Almirante, para compô-la “[...] Borel-Clerc lembrou-se do êxito da ópera “O Guarani” [...]” (Maxixe, em Jornal O Dia, 20-21/01/1974, p.2), ou, como nos conta seu intérprete Félix Mayol, em seu livro de memórias, era uma adaptação “[...] d’une célèbre marche espagnole [...]” (MAYOL, 1929, p.90). Na Alemanha a canção se chamou “La machiche – Spanische Marsch” e nos Estados Unidos teve o nome de “La Sorella”. O maxixe também foi representado na peça “Le Boeuf sur le Toit” (1919), de Darius Milhaud, que, aliás, consistiu na adaptação de muitas obras brasileiras. Contudo, nos Estados Unidos, nenhum maxixe fez mais sucesso que “Dengoso” de Ernesto Nazareth, devido a “maxixe craze” (uma verdadeira febre pelo maxixe que ocorreu nos Estados Unidos).


















Figura 3: Capas das partituras de "La Mattchiche" e "La Sorella" publicadas na França e nos Estados Unidos, respectivamente.





Figura 4: Diferentes edições de "Dengoso", de Ernesto Nazareth, publicadas nos Estados Unidos.


No Brasil, em 1906, o tango-chula “Vem Cá Mulata”, de Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre, que foi o maior sucesso do carnaval, e não era outra coisa senão um maxixe vindo de 1902, “[...] que se tornaria conhecida na Europa como “la matshishe brésilienne”.” (LOPES, 2008, p.92). Ele foi apresentado por uma banda militar para o ministro alemão Barão Von Reichau, em 1907, mas isso deu o que falar e a repercussão fez com que o Marechal Hermes da Fonseca baixasse uma portaria “[...] destinada a proibir a execução do maxixe por bandas militares.” (TINHORÃO, 1974, p.73). Em 26 de outubro de 1914, Hermes da Fonseca, agora presidente, faria parte de outro escândalo envolvendo o maxixe, foi quando sua esposa, D. Nair de Teffé, rompeu todos os preceitos numa recepção do Palácio do Catete ao convidar Chiquinha Gonzaga (que foi acompanhada de Catulo da Paixão Cearense e seu violão) para apresentar o maxixe “Corta-Jaca”.  “A repercussão foi terrível, e fez com que Rui Barbosa registrasse no diário do Congresso Nacional um violento pronunciamento [...]” 3: “Porque Sr. Presidente, quem é o culpado, se os jornais, as caricaturas e os moços acadêmicos aludem ao corta-jaca? [...] A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de tôdas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o corta-jaca é executado com todas as honras de música de Wagner [...].”4

Muitos foram os cultores do maxixe. Em 1885, já transformado em cançoneta de teatro, o maxixe sobe ao palco com “Araúna” de Xisto Bahia, identificado também como um lundu amaxixado. Em 1897, Chiquinha Gonzaga lançou o maxixe “Corta Jaca”, “[...] cujo título original é “Gaúcho” [...]” (SEVERIANO & MELLO, 1997, p.20), na opereta-burlesca “Zizinha Maxixe”. Em “Cá e Lá” a música ganhou uma letra de Tito Martins e Bandeira de Gouveia que falava do modo de se dançar o maxixe. Contudo, acredita-se que Ernesto Nazareth foi o primeiro a sintetizar o maxixe a partir da polca e do lundu5, e também foi ele quem sofreu a influência da habanera tendo até mesmo composto um manuscrito intitulado “Tango-Habanera”. Outro compositor de destaque foi o paulista Marcelo Tupinambá, com maxixes e músicas de inspiração sertaneja. Já na década de 1920 um grande difusor do maxixe foi o grupo Os Oito Batutas (integrado por Pixinguinha, Donga e outros), excursionado até mesmo por Paris, a convite de Duque. E, sem dúvidas, outro a se destacar no cancioneiro nacional com maxixes foi Sinhô, que compôs muitos sambas maxixados como “Ora Vejam Só”, “Gosto que me enrosco” e “Jura”, que, quando lançada, “[...] foi uma das músicas mais cantadas no Brasil [...]” (SEVERIANO & MELLO, 1997, p.92).

De acordo com Jairo Severiano: “Paradoxalmente, depois de uma presença de quase meio século na vida musical do país, o maxixe canção não deixou um grande legado.” (SEVERIANO, 2008, p.33). Os sucessores do maxixe foram gêneros norte-americanos (como o fox-trot, o cake-walk, o ragtime e o one-step, veiculados pelo cinema, pelos teatros, pelos fonógrafos, pelos gramofones e, posteriormente, pelo rádio) e o samba (inicialmente de forma maxixada). Há, inclusive, um debate em torno do marco inaugural do samba que envolve o maxixe, no qual “Donga defende como ‘samba original’ sua composição ‘Pelo Telefone’ (1917), caracterizado, no entanto, por Ismael [Silva] como maxixe.” (MORAES, 2010, p.177). Afirma-se até mesmo que “Pelo Telefone” foi “[...] um samba-maxixe ou amaxixado.”6. Mas, apesar dos embates o maxixe tem reconhecidamente sua importância e representação na Música Popular Brasileira e se não conseguiu deixar grande legado, deixou muitos caminhos abertos a outros gêneros, em especial o samba, que, herdeiro direto do maxixe, se tornou símbolo de brasilidade, como outrora o fora o próprio maxixe.



Notas:

1. O maxixe foi, não raramente, chamado de tango, também para evitar a referência ao nome associado às classes baixas e a dança atentatória a moral, como veremos mais a frente.

2. Alguns filmes brasileiros também retrataram o maxixe, como “Maxixe do outro Mundo”, “Uma Lição de Maxixe” e “Fandanguaçu”.

3. “Corta-Jaca: o escândalo do Palácio”. Revista de História, 09 ago. 2011.

4. Discurso de Rui Barbosa na sessão do Senado do dia 07/11/1914. BARBOSA, Rui. Obras completas de Rui Barbosa. vol. XLI. Tomo II, 1973, p. 344.

5. Ernesto Nazareth, no entanto, não gostava que chamassem suas composições de maxixe, preferindo terminologias como tango ou mesmo tanguinho.

6. “O Samba-Maxixe (Música de transição)”. Revista da Música Popular, nº 7, [s/d], p. 07.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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